A grande verdade prática acerca do crescimento humano num mundo caído sendo o próprio homem um ser caído e em busca suicida de subida para baixo, é que sem a benção da dor ninguém seria salvo para a consciência do Significado da Vida. Nós, entretanto, tratamos a dor como maldição, sem sabermos que num mundo caído, os cardos, os abrolhos, os espinhos, o suor, o trabalho, o desejo dedicado a um só objeto de amor, e o trazer filhos ao mundo em dores de parto, são as bênçãos da Graça de Deus para o homem caído.
“Maldita é a terra por tua causa” — disse Deus. A terra amaldiçoada é o único lugar possível de cura para o homem embreagado pela vaidade do suposto conhecimento do "Bem e do Mal". Isso entretanto, não acontece sem dor. Pois só a dor cura a vaidade. Seja qual for a qualidade da dor, ela será necessária na transformação da vaidade do homem!
A boa resposta do homem à dor é a Esperança de Deus para a cura humana num mundo caído!
Portanto, a terra sob maldição é parte da Graça que cura o homem de seu mal de vaidade essencial de falta de sentido e de significado, a fim de conduzi-lo ao que realiza a glória de Deus no homem, que é torná-lo à imagem e semelhança do Filho de Deus.
Assim, saiba: a dor faz parte... Aliás, sem tal parte tudo seria nada; e, assim, nada teria parte com a Vida. Chegar à Árvore da Vida no estado no qual a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal no deixou, seria ficar perdido no estado fixado de Queda. Agora, entretanto, espinhos, abrolhos, cardos, suores, esforços, limitações, impotência e fraquezas fazem parte do que em nós será o que se terá por mais precioso como verdadeiro bem da Vida.
Paulo ensina que aquele que deseja aprender a gloriar-se na esperança da glória de Deus tem que antes aprender a gloriar-se nas próprias tribulações; pois, somente a tribulação, ou a provação, ou a tentação, ou as fraquezas nos fazem produzir o Fruto da Vida que se alimenta da eternidade.
O homem, entretanto, chama de benção justamente aquilo que dele tira a vereda da consciência.
O estranho é que a dor não gera o egoísta, mas sim o altruísta; enquanto a ausência de dor gera auto-indulgência aos desejos e caprichos da vaidade, e, assim, apenas produzindo o egoísta.
Mais uma vez se afirma por outra via o que Jesus disse com total simplicidade: “Aquele que ama a sua vida neste mundo a perde, mas aquele que aborrece a sua vida neste mundo a preserva para a vida eterna”. Desse modo, aquele que existe odiando a tudo o que dói, e apenas chamando de benção aquilo que não dói, será aquele que se perderá para o Sentido da Vida. Aquele, porém, que abraça a dor que é parte da vereda natural das coisas estabelecidas por Deus, e que evita a dor que vem do mal que se faz contra a natureza das coisas, e que beija em fé a dor que é filha do absurdo [a qual nunca deve ser buscada, mas, uma vez advinda sobre nós, deve ser transformada para o nosso bem] — esse será sempre o ser mais enriquecido na jornada sobre o chão dessa terra amaldiçoada pela vaidade humana.
Os que vêem a vida desse modo são os que se tornam pessoas das quais o mundo não é digno, conforme Hebreus 11. Ora, embora se creia que chegará a Nova Jerusalém quando toda dor cessará, ainda aqui neste mundo algumas pessoas crescem não para a cessação da dor, mas sim para a transformação de toda dor em gratidão; assim como a mulher que estando para dar a luz, sente dores, mas já as sente como quem se alegra no fato maior que um novo homem está sendo trazido ao mundo.
Sim! Há pessoas que crescem em fé e entendimento espiritual que as possibilita viverem o “apocalipse da dor como dor”, e as faz viverem na “Nova Jerusalém” existencial na qual a “dor já não existe como dor”, mas sim como meio de Graça para transformações mais profundas, conforme o ensino dos profetas, de Jesus e dos Seus apóstolos. Assim, que sempre se lembre que no mundo se tem aflições, mas que se tenha bom animo, pois Jesus venceu o mundo.
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