“Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales. Qual o lírio entre os espinhos, tal é a minha amada entre as filhas. Qual
a macieira entre as árvores do bosque, tal é o meu amado entre os filhos;
com grande gozo sentei-me à sua sombra; e o seu fruto era
doce ao meu paladar. Levou-me à sala do banquete, e o seu
estandarte sobre mim era o amor”.
(Ct 2:1-4) Você tem razão quanto à “rosa de Sarom”. É
a noiva, a Sulamita (Ct 6:13), que chama a si mesma de “rosa de Sarom”.
Embora
a noiva desse cântico possa ser vista como uma figura da Igreja, a aplicação
mais direta e correta do texto é para Israel, pois o Antigo Testamento não fala
da Igreja.
A Igreja era ainda um mistério que só viria a ser revelado a Paulo
(Ef 3:3 11), embora o Senhor Jesus tenha mencionado a Igreja nos evangelhos sem
ser, contudo, compreendido pelos seus discípulos. Assim como acontece com hinos
que falam da “rosa de Sarom” como
se fosse o Senhor, há muitos hinos que trazem erros. É o caso de um hino chamado
Cem Ovelhas,
onde uma estrofe diz “As noventa e nove, deixou no aprisco”.
Porém
se você procurar a passagem no evangelho verá que o pastor deixa as 99 no deserto,
e não no aprisco. Há outro hino que diz “Manda fogo, Senhor, que eu quero
sentir o Teu poder”.
Ainda bem que
o Senhor não faz o que pedem os que cantam assim, pois na Bíblia o fogo está
sempre conectado com juízo. Isso ocorre por um erro de interpretação de Atos 2,
onde as línguas são “como de fogo”, e de Mateus 3, onde o fogo ali é
erroneamente interpretado como o batismo do Espírito Santo ocorrido no Dia de
Pentecostes. Se você observar atentamente o texto de Mateus 3, verá que João
Batista está se dirigindo alternadamente tanto a salvos
como
a perdidos,
falando também alternadamente de salvação e
juízo
(o
fogo representa o juízo de Deus). Acrescentei as palavras [entre chaves]...
para
você entender essa alternância: “Mas, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus que
vinham ao seu batismo, disse-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir
da ira vindoura? Produzi, pois, frutos
dignos de
arrependimento [os salvos]... E já está posto o machado á raiz das árvores; toda árvore, pois que não
produz bom fruto [os
perdidos], é cortada e lançada no fogo
[o juízo]. Eu, na verdade, vos batizo
em água, na base do arrependimento;
mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu, que
nem sou digno de levar-lhe as alparcas; ele vos batizará no
Espírito Santo [os
salvos], e em fogo [os perdidos]. A sua pá ele tem na mão, e limpará bem a sua eira; recolherá
o seu trigo [os
salvos] ao celeiro, mas queimará
a palha
[os perdidos] em fogo inextinguível”. Outro
uso errôneo da expressão “Rosa de Sarom” é
feito por alguns pregadores que aconselham seus seguidores a colocarem um botão
de rosa no lugar mais alto da casa como uma espécie de canal de bênção.
Evidentemente em alguns lugares essa “rosa especial” é vendida aos fiéis,
juntamente com outros itens como sabonetes santos, azeite de Israel, água do
Rio Jordão, lenços consagrados, e por aí vai. Isso nada mais é do que apelar
para a crendice e superstição popular, que precisa enxergar alguma coisa
material para crer, o oposto da fé que é crer sem ver. No caso da rosa, há dois
erros aí. O primeiro é que esses pregadores falam da rosa de Sarom como
representando o Senhor, e não é. Na passagem de Cantares 2 ela representa a
Sulamita, que está cantando um diálogo com seu Noivo (este sim, o Senhor). Se acompanhar
a partir do final do capítulo 1 verá que se trata de um cântico cantado a dois:
[Sulamita] “O
meu amado é para mim como um ramalhete de
hena nas vinhas de En-Gedi”. [Amado] “Eis
que és formosa, ó amada minha, eis que és formosa; os teus olhos são como pombas”.
[Sulamita] “Eis que és formoso, ó amado meu, como amável és também; o nosso leito é viçoso. As traves da nossa casa são de cedro, e os caibros de cipreste.
Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales”.
[Amado] “Qual o lírio entre os espinhos, tal é a minha amada entre as filhas”. [Sulamita] “Qual a macieira entre
as árvores do bosque, tal é o meu amado entre os filhos;
com grande gozo sentei-me à sua sombra; e o seu fruto era
doce ao meu paladar. Levou-me à sala do banquete, e o seu
estandarte sobre mim era o amor”.
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