quarta-feira, 14 de junho de 2017

ESTUDO: O que significa a Rosa de Sarom



Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales. Qual o lírio entre os espinhos, tal é a minha amada entre as filhas. Qual a macieira entre as árvores do bosque, tal é o meu amado entre os filhos; com grande gozo sentei-me à sua sombra; e o seu fruto era doce ao meu paladar. Levou-me à sala do banquete, e o seu estandarte sobre mim era o amor. (Ct 2:1-4) Você tem razão quanto à rosa de Sarom. É a noiva, a Sulamita (Ct 6:13), que chama a si mesma de rosa de Sarom. Embora a noiva desse cântico possa ser vista como uma figura da Igreja, a aplicação mais direta e correta do texto é para Israel, pois o Antigo Testamento não fala da Igreja. 


A Igreja era ainda um mistério que só viria a ser revelado a Paulo (Ef 3:3 11), embora o Senhor Jesus tenha mencionado a Igreja nos evangelhos sem ser, contudo, compreendido pelos seus discípulos. Assim como acontece com hinos que falam da rosa de Saromcomo se fosse o Senhor, há muitos hinos que trazem erros. É o caso de um hino chamado Cem Ovelhas, onde uma estrofe diz As noventa e nove, deixou no aprisco

Porém se você procurar a passagem no evangelho verá que o pastor deixa as 99 no deserto, e não no aprisco. Há outro hino que diz Manda fogo, Senhor, que eu quero sentir o Teu poder


Ainda bem que o Senhor não faz o que pedem os que cantam assim, pois na Bíblia o fogo está sempre conectado com juízo. Isso ocorre por um erro de interpretação de Atos 2, onde as línguas são “como de fogo”, e de Mateus 3, onde o fogo ali é erroneamente interpretado como o batismo do Espírito Santo ocorrido no Dia de Pentecostes. Se você observar atentamente o texto de Mateus 3, verá que João Batista está se dirigindo alternadamente tanto a salvos como a perdidos, falando também alternadamente de salvação e juízo (o fogo representa o juízo de Deus). Acrescentei as palavras [entre chaves]...
para você entender essa alternância: Mas, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus que vinham ao seu batismo, disse-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento [os salvos]... E já está posto o machado á raiz das árvores; toda árvore, pois que não produz bom fruto [os perdidos], é cortada e lançada no fogo [o juízo]. Eu, na verdade, vos batizo em água, na base do arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu, que nem sou digno de levar-lhe as alparcas; ele vos batizará no Espírito Santo [os salvos], e em fogo [os perdidos]. A sua pá ele tem na mão, e limpará bem a sua eira; recolherá o seu trigo [os salvos] ao celeiro, mas queimará a palha [os perdidos] em fogo inextinguível. Outro uso errôneo da expressão Rosa de Saromé feito por alguns pregadores que aconselham seus seguidores a colocarem um botão de rosa no lugar mais alto da casa como uma espécie de canal de bênção. 

Evidentemente em alguns lugares essa “rosa especial” é vendida aos fiéis, juntamente com outros itens como sabonetes santos, azeite de Israel, água do Rio Jordão, lenços consagrados, e por aí vai. Isso nada mais é do que apelar para a crendice e superstição popular, que precisa enxergar alguma coisa material para crer, o oposto da fé que é crer sem ver. No caso da rosa, há dois erros aí. O primeiro é que esses pregadores falam da rosa de Sarom como representando o Senhor, e não é. Na passagem de Cantares 2 ela representa a Sulamita, que está cantando um diálogo com seu Noivo (este sim, o Senhor). Se acompanhar a partir do final do capítulo 1 verá que se trata de um cântico cantado a dois: [Sulamita] O meu amado é para mim como um ramalhete de hena nas vinhas de En-Gedi. [Amado] Eis que és formosa, ó amada minha, eis que és formosa; os teus olhos são como pombas. [Sulamita] Eis que és formoso, ó amado meu, como amável és também; o nosso leito é viçoso. As traves da nossa casa são de cedro, e os caibros de cipreste. Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales. [Amado] Qual o lírio entre os espinhos, tal é a minha amada entre as filhas. [Sulamita] Qual a macieira entre as árvores do bosque, tal é o meu amado entre os filhos; com grande gozo sentei-me à sua sombra; e o seu fruto era doce ao meu paladar. Levou-me à sala do banquete, e o seu estandarte sobre mim era o amor.

Mario Persona!

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